domingo, 16 de janeiro de 2011

Enrolados


Já li em pelo menos duas resenhas sobre Enrolados, adaptação do conto de fadas Rapunzel, que a inserção do quase anti-herói Flynn Rider possibilita ao filme alcançar o público masculino.

Bem, discordo. Adorei Enrolados, mas, na minha opinião, ainda é filme de menina. Não há dúvida de que os meninos vão gostar das cenas de comédia (as do cavalo Maximus e do camaleão Pascal são ótimas), mas desconfio que ficarão levemente entediados com as sequências musicais. E há muitas flores e cores e fofura de sobra no longa. Resumindo, a animação é "assistível" para os garotos e empolgante para as garotas.

Questões de gosto à parte, um dado objetivo de respeito é a qualidade gráfica do filme. Quem assistir poderá conferir. O cabelo da Rapunzel é perfeito, assim como o são as expressões das personagens. É digna de nota também uma cena que envolve o rompimento de uma represa. A água parece de verdade.

Há igualmente uma cena belíssima, que envolve o sonho da Rapunzel. Dizem que é o segmento que faz valer a pena pagar uma sessão 3D. Como vi em 2D, não posso confirmar, mas digo que me emocionei com o lirismo da sequência.

O roteiro ainda me surpreendeu ao espelhar tão concretamente as motivações inconscientes que determinam tantas relações entre mães e filhas. A "mãe" Gothel enclausura e manipula Rapunzel em troca de longevidade, obtida através dos cabelos da protagonista. Como sei que deve ser difícil associar o que acabei de dizer à amorosidade que se espera de um relacionamento entre mãe e filha, exemplifico com a história de uma pessoa que conheci, que chamarei de Eloísa. Eloísa foi criada por uma mãe cujo comportamento poderia ser tachado de superprotetor, haja vista que fazia tudo pela filha. No entanto, tal conduta transmitia a mensagem implicíta e, muitas vezes, explícita de que Eloísa era incapaz de fazer qualquer coisa. Para que tenham uma ideia, Eloísa foi banhada pela mãe até os doze anos de idade. Não usava vestido porque sua mãe lhe dizia que tinha joelhos de homem. Por trás dessas ações, estava o desejo da mãe de ter a filha por perto até o fim da vida, sendo instrumento para obtenção dessa expectativa esse tolhimento sob o manto da superproteção. Esse é um desejo tão egoísta, embora não tão maléfico em sua consecução, quanto o da "mãe" Gothel. Eloísa não viveu enclausurada em uma torre real, mas em uma metafórica.

Só por esse aspecto, acho que Enrolados deveria ganhar mais estrelinhas do que muitos críticos andam atribuindo por aí.

Para terminar, vou repetir: adorei o filme. E quero um Pascal! Olha só ele com cara de mau:


E com cara de tédio/"eu mereço":

p.s.: Há quem detone a dublagem de Luciano Huck em Enrolados (vide a resenha de Pablo Villaça, que pegou pesado). Essas pessoas têm a mais pura razão. De quem foi a brilhante ideia de colocar um apresentador para dublar uma animação? Eu nem sabia que Luciano tem esse cartaz todo para ser "atrativo" comercial para o filme.

4 comentários:

b arrais disse...

Lu viu lá em Brasília e Luiza minha sobrinha já assistiu, portanto, acho que vou passar! Hehehehe! :D

Luciana disse...

Eu também quero um Pascaaaal!! :-D

Ana, concordo em número e grau com tudo o que vc escreveu. O filme é muito lindinho, uma ótima pedida e decididamente tolerável ao público masculino. E, realmente, Luciano Huck não foi a melhor escolha... mas até que eu consegui ignorar essa parte quando o filme "esquentou". :-)

Mírian de Leon Sábio disse...

CONCOOOOORDOOOO!!!!!!!!!!!
O filme é maravilhoso, a história é romântica, emocionante e engraçadíssima... mas colocarem o Luciano Huck pra dublar o Flyn Rider foi a pior escolha de todas!!!! poderiam muito bem escolher o Guilherme Briggs, que é o melhor dublador brasileiro da atualidade... mas enfim, resolvi isso assistindo a versão legendada, pois, ao contrário da colega aí de cima, não consigo ignorar a voz do apresentador... beijão, ótimo blog.

Giovanna disse...

Eu amei o filme, agora que estou lendo direito esse post! E concordo com vc em tudo, mas nem sabia dessa história de Luciano Huck dublar! Ainda bem que vi legendado, me livre de ver dublado, arggggg....
beijo!