Depois de ver o vídeo da Susan Boyle,
Britain's Got Talent virou minha nova mania. No
YouTube, vi todos os episódios deste ano e os mais marcantes de 2007 e 2008
. É engraçado perceber que, até em um show de calouros, há o que se aprender e pensar.
Neste post, quero abordar um tema que me intriga. Ilustro primeiro com esse vídeo do trio adolescente
Singing Souls, que se julga melhor que as
Pussycat Dolls e
Sugababes.
Meu segundo exemplo é Kay, dono de uma performance que alega ser única, pois é capaz de imitar um saxofone apenas com sua voz.
Okay. Dá para adivinhar o que me intriga?
Desde que comecei a ver esse programa, fiquei impressionada com a imagem que certas pessoas têm de si e o descompasso desse autoconceito com a realidade. Não existe aqui nem espaço para dizer que é uma questão de gosto ou opinião. É fato que as três adolescentes não são cantoras melhores que as
Pussycat Dolls e que Kay está longe de imitar um saxofone.
Como não sou psicóloga, não disponho de conhecimento especializado para entender isso, então só me resta especular. Que mecanismo é esse que existe dentro de nós que nos impede de nos vermos verdadeiramente?
Essa pergunta ganhou peso maior quando vi este último vídeo, extraído do programa de 2 de maio. Coloco-o na íntegra porque merece ser visto. Jamie Pugh é um trabalhador cujo sonho é cantar no
Royal Variety Performance. Seu grande obstáculo é o medo do palco, que diz ser paralisante. Porém, decidido a vencer essa limitação, ele se inscreveu no programa. O resultado foi o seguinte:
Talvez o medo do palco não seja o maior desafio de Jamie. Quando se emocionou ao ouvir de Simon que é hora de acreditar em si, a reação de Jamie me fez pensar que ele também tem uma imagem errada de si mesmo, desta vez não condizente com a realidade porque inferior ao que Jamie é de verdade.
Depois desse vídeo, vi que a questão é uma via de mão dupla: podemos nos achar melhores do que realmente somos, mas também podemos ser incapazes de perceber o quão bom somos. Aproveitando a metáfora que subjaz ao nome deste blog, nos dois casos o reflexo não condiz com o objeto refletido, com a realidade. Ora a imagem é maior do que deve ser, ora é menor.
Que espelhos são esses que usamos? Por que foram forjados?
Como nos livramos deles?
Ao vencer o seu medo, ao ter seu valor afirmado e restituído, Jamie se disse completo. Nem maior, nem menor. Na medida certa.
Sem descompasso.